Não vale a pena. Não vale a pena escrever sobre ti, encher o meu blog com coisas que já não me pertencem, e que eu ponho constantemente em questão se algum dia pertenceram. Não vale a pena olhar para o botão verde atrás do teu nome indicando que estás online, porque não vou falar contigo. Não vale a pena fingir que tenho saudades tuas, quando a realidade é que tenho saudades das nossas memórias. Não és tu, são as tuas coisas. Não vale a pena falar de ti a ninguém, muito menos falar contigo. Não vale a pena ouvir músicas a pensar em ti, porque já não há mais para pensar. Já não existem lágrimas para derramar, já não tenho sorrisos para mostrar nem saudades para sentir. Não vales a pena. Não te lembras de mim, e eu também já não sei quem tu és. Mas oh, amanhã tudo passa. Hoje é só um dia mau, um dia que me está a remeter para o meu lado mórbido, o meu lado que eu enterrei e tenho conseguido manter enterrado. O irónico disto tudo é que ainda há uns tempos éramos unha com carne, tudo com tudo, e nada nem ninguém nos ia separar. Quem nos separou foste tu, e eu sei que mais nada nos vai juntar. É só isso que me entristece, é só isso que me faz ter saudades. Mas que saudades? Não há mais saudades para sentir. Nem nada. Sentimentos? Só desconfiança. E dor. Mas tudo passa. Não vale a pena pensar. E sabes? Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.